Chegámos ontem a casa, completamente fatigados e com pouca disposição para mais nada que não fosse descansar no sofá.
Logo por azar, ou sorte, encontrámos um amigo e vizinho nosso que nos convidou para jantar, convite ao qual não conseguimos resistir, seja porque eles são excelentes cozinheiros (obrigada Francisco e Raquel), seja porque estava mesmo na altura de partihar as histórias desta mini viagem.
Desde Évora que ficámos sem internet grátis e à mão de semear, e acabámos por não nos dar muito ao trabalho de procurar algum sítio para irmos actualizando o blogue.
Percebi, pelas perguntas que já me foram fazendo que a principal fonte de curiosidade tem sido o estado do meu rabo. Pois bem, ainda me dói, mas muito menos. Digamos que num dia de viagem de normal os primeiros vinte quilómetros são praticamente santos, a partir daí já começa a haver alguma mossa, a seguir reza-se para que haja uma descida em que não é preciso pedalar e estar sentada, e no fim do dia é um alívio sair do selim e prosseguir numa vida normal sentada em sítios mais confortáveis.
Do resto da viagem tirámos algumas lições para a nossa viagem grande, como por exemplo, não começar a pedalar à bruta, ir descansando a cada dois dias, não fazer muito mais que 60/70 Km diários, sermos mais activos na actualização do blogue e na procura de internet, sermos mais organizados com o orçamento e outras praticalidades úteis.
No entanto, acho que o mais importante é mesmo não sofrer por antecipação. Esta mini viagem teve uma componente especial de tensão, o objectivo era testar o equipamento e a forma de viajar e também tentar relaxar e ganhar forças para os últimos preparativos antes da grande viagem.
O problema foi mesmo o objectivo implícito que era testar-nos e ver do que éramos capazes. O pensamento acaba sempre por ser, se aqui é assim e eu não consigo/ não gosto/ não quero, então nos próximos dois anos, como é que vai ser? Se eu não consigo fazer esta subida, como é que vou conseguir subir as Apalaches?
Este pensamento constante, impediu-me de disfrutar desta viagem, de tirar fotos, de explorar sítios que ainda não conhecia, de parar e cheirar as rosas (numa tradução muuuiito literal da expressão inglesa). Agora que já me distancei percebo que estava a sofrer por problemas que ainda não me tinham sido sequer colocados, e que isso não me permitiu gozar assim tanto esta semana.
Claro que a chuva e o frio, as dores, a baixa forma física, a falta de testar tudo o que era necessário, algum equipamento menos bom e mesmo o dinheiro gasto com menos rigor também não ajudaram a tornar a coisa mais fácil. Mas isso acabam por ser factores externos que têm o peso que lhes quisermos dar, o resto é connosco.
Posto isto, decidi tentar deixar de sofrer por antecipação e lidar com as situações à medida que forem surgindo. Ah, e continuar a tentar treinar um bocadinho todos os dias para continuar a quebra do selim!
Sara
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