Quando tivemos a primeira ideia de realizar uma viagem deste género começámos a ler avidamente tudo o que são blogues, sites, livros, deste tipo de aventuras.
Tentámos absorver todo o tipo de conselhos acerca das bicicletas, do material, da forma de viajar, dos locais para onde vamos, do orçamento, de todos os pormenores práticos a ter em consideração, enfim, começámos a pensar se esta viagem era para nós ou não.
Comecei e achar que sim quando testemunha atrás de testemunho, todos os ciclistas viajantes diziam que há muita gente pronta a ajudar, que quando menos se espera, um desconhecido nos vai resolver um problema, que as pessoas são boas, simpáticas e amáveis.
Confesso que esta vertente da viagem me inspirou muito. Não só pela possibilidade de ir conhecendo muitas pessoas, mas mais ainda por essas pessoas viverem num país diferente, o que, desde logo, tornaria mais interessante a troca de experiências.
Na verdade, não é preciso sequer sair e muito longe de casa para que isso aconteça. Para além dos amigos e família que disponibilizaram as suas casas para nos servirem de guarida para uma ou duas noites, houve sempre alguém que cuidou de nós de forma especial. A tia da Sónia que nos fez uma canja para o jantar e se disponibilizou para tudo o que fosse necessário, todas as pessoas que nos desejaram boa viagem ao longo do caminho, a senhora que vivia em frente da paragem do autocarro onde nos abrigámos da chuva e que nos ofereceu oito laranjas, e também a família que nos alimentou ao longo do percurso.
Mas não podemos deixar de dar um destaque especial ao Manuel, à Maria dos Anjos e à Bárbara.
Para quem conhece Abrantes sabe que é uma cidade com subidas terríveis, muito inclinadas e longas, pelo menos para ciclistas. Depois de termos chegado ao centro de Abrantes estávamos parados por uns minutos a descansar (bem, o Pedro estava mais à minha espera porque eu tive que subir com a bicicleta à mão), quando apareceu o Manuel e a filha Bárbara a perguntar quem é que nós éramos e o que é que estávamos a fazer ali.
Depois de contarmos os nossos planos acabou por nos convidar para jantar em sua casa, ao que reticentemente expliquei que ainda não tínhamos testado a tenda e por isso ia ser difícil. Respondeu-me que tinha muito terreno onde podíamos acampar e foi assim que acabámos a tomar um belíssimo duche na casa de banho deles, a comer umas maravilhosas febras grelhadas (obrigada Manuel) com arroz de feijão (obrigada Maria dos Anjos) e um belíssimo pudim flan (obrigada Bárbara). Dormimos no quintal e ainda tomámos um belíssimo pequeno-almoço, que incluiu frutas e legumes, incusivé as laranjas que nos tinham ofertado.
Na verdade o Manuel e a Maria dos Anjos também fazem ciclismo (embora mais virados para o BTT) e perceberam perfeitamente como uma experiência tão simples como esta nos pode tocar tão profundamente, e tornar um dia de viagem tão mais enriquecedor. O nosso profundo obrigado por tamanha hospitalidade!
Aqui deixamos o contacto da empresa de aventura do Manuel, a Pés no Ar.