Depois da espectacularidade de Tikal, os dias que se seguiram foram feitos de exploração tranquila das estradas Guatemaltecas, muitas delas em terra batida, e passando essencialmente por pequenas aldeias rurais, rios refrescantes onde os locais nadam tentando combater o forte calor tropical e uma amostra das incríveis ladeiras que nos esperam quando chegarmos às montanhas.
Após uma curta visita à turística Flores, um dia na estrada, incluindo uma viagem de ferry na aldeia de Sayaxché, que ainda aguarda o dia em que vão construir a ponte, fiquei (Sara) doente uma vez mais, com a habitual gastroenterite. Parece-me que o problema será a água, que trabalha de forma irritante no meu estômago sensível, mas também pode ser da comida, da adaptação aos novos alimentos ou às novas bactérias. O que sei é que de cada vez que isto me acontece fico em recuperação pelo menos três dias, já que o esforço de andar de bicicleta não me permite reiniciar esta nossa vida de forma lenta. Por isso decidi, por mais que me custe o desperdício de plástico de comprar água engarrafada, especialmente nestes países onde praticamente não há reciclagem, apenas beber água que sei ser mais segura. Vamos ver se me livro do problema!
Felizmente, para mim, deu-me a maleita num dos hotéis mais simpáticos onde já ficámos, felizmente, para o Pedro, voltámos a encontrar o Andoni, que tínhamos conhecido em San Cristobal de Las Casas, o que lhe permitiu um dia mais simpático do que ficar a velar por mim.
Já recuperada pensava que ia ter um dia fácil, com cerca de 80 Km e praticamente tudo plano. Nada mais errado. Todo o santo dia subimos e descemos, um cálculo errado no número de quilómetros fez com que tivéssemos que fazer mais dezasseis do que o inicialmente previsto, o Pedro teve um furo, choveu, eu derrapei e ia caindo da bicicleta. Mas o pior de tudo foi um fenómeno estranho ao princípio, desconcertante passada uma hora e profundamente irritante à medida que o dia ia passando. No caminho, de cada vez que passávamos por uma das inúmeras aldeias maias, vozes agudas de gente pequena, vulgarmente conhecidas como crianças, saiam a correr de onde estavam a começavam a gritar “gringo, gringo!”. Ora gringo são os habitantes dos Estados Unidos, não nós portugueses de gema. Parecia não importar às criancinhas, gringos éramos nós, que temos traços diferentes dos seus, que viajamos de bicicleta, que somos o extraordinário nas suas vidas.
Depois de tão atribulado dia, com a alteração drástica da paisagem, de rural para montanhosa, em tons fortes de verde, chegámos a Raxjura, já na região dos Altos de Verapaces. Chegados já ao lusco-fusco, na companhia do Roberto e do Daniel, ciclistas ingleses que tínhamos conhecido no dia anterior, decidimos que esta era uma boa oportunidade para explorar os rios e as grutas da Candelaria.
Na companhia de dois guias passámos um dia divertido e instrutivo entre ver um cenote, nadar no rio, explorar grutas de lanterna na cabeça – na versão Sarita espeleóloga -, e nadar em cima de uma câmara de ar em grutas escuras e frias de tal forma que à saída tivemos que nos enfiar numa piscina com profundidade para crianças e água quase a ferver a aproveitar o sol quente dos trópicos.
After the spectacular Tika , the days that followed were made of quiet exploration of Guatemalan roads, many of them on dirt paths, and essentially passing small rural villages, where rivers refresh local swimmers trying to fight the strong tropical heat and a sample of awesome slopes that await us when we get to the mountains .
After a short visit to the tourist Flores, a day on the road, including a ferry ride in the village of Sayaxché, which still awaits the day they will build the bridge, I (Sara) got sick again, with the usual gastroenteritis. It seems to me that the problem is water, which works so annoying on my sensitive stomach, but it can also be the food, the adaptation to new foods or new bacteria. What I do know is that every time this happens I ‘m recovering at least for three days, since the effort of cycling does not allow me to restart this life slowly. So I decided, as much as I hate to waste plastic, especially in these countries where there is virtually no recycling, to buy bottled water and only drink water I know to be safe. Let’s see if I get rid of the problem!
Luckily for me, I got sick in one of the nicest hotels we have ever stayed, fortunately for Pedro, we met Andoni, who we had met in San Cristobal de Las Casas, again, which allowed him a more sympathetic day instead of watching me.
Already recovered I thought it would be an easy day, with about 80 km and practically flat. Nothing could go more wrong. Every day we climbed and descended, a miscalculation in the number of kilometers made sixteen more than initially planned, Pedro had a flat, it rained, I skidded and almost fell off the bicycle. But worst of all was a strange phenomenon at first, disconcerting last an hour and a deeply annoying as the day went on. On the way, every time we passed one of the many Mayan villages, shrill voices of little people, commonly known as children, started running and screaming “gringo, gringo”. Usually gringos are the inhabitants of the United States, not us Portuguese. This seemed not to bother the children, gringos are the ones who have traits different from their own, who travel by bicycle, who are an extraordinary event in their lives.
After such a busy day, with drastic changes in the landscape, from rural to mountainous in strong shades of green, we reached Raxjura, in the region of Altos de Verapaces. We arrived at dusk, in the company of Robert and Daniel, British cyclists we had met the day before, and we decided that this was a good opportunity to explore the rivers and caves of Candelaria.
Accompanied by two guides we spent a fun and instructive day between seeing a cenote, swimming in the river, exploring caves with a headlight – in Sarita espeleologist version – and swimming over a tube in dark and cold caves such that once we left we had to go inside a pool with depth for children and nearly boiling water to soak up the warm tropical sun.