Em Ordway, Colorado, existe um sítio chamado a casa da Gillian. Nos mapas que seguimos não existe qualquer morada ou número de telefone e a indicação é “perguntar na cidade pela Gillian, toda a gente a conhece”. Apesar da adenda ao mapa mencionar que a Gillian já não acolhe ciclistas, esta neo-zelandesa teve a bondade de nos acolher na sua quinta por duas noites (uma das quais foi partilhada com mais cinco ciclistas!).
Aparentemente, ao longo dos últimos anos a Gillian acolheu cerca de 150 ciclistas por ano, e isso parecendo que não, é coisa para cansar uma pessoa. Como forma de retribuição por tamanha hospitalidade a Gillian só pede 15 minutos de trabalho na sua quinta. Para sorte dos ciclistas esse trabalho é sempre recompensado com novos conhecimentos acerca da vida na quinta. Como ficámos por dois dias pudemos aproveitar ainda mais do que a maioria dos nossos companheiros de estrada, e dedicámos uma manhã ao trabalho na quinta. Foi o máximo!
Começámos por arranjar a vedação, o Pedro pôs em prática os seus reconhecidos dotes de trabalho manual, para mim, que tenho duas mãos esquerdas, foi um desafio e depois uma conquista trabalhar com arame e um alicate, para prender uma rede metálica a estacas de madeira. Parece que os pintainhos já vão ter mais um sítio para brincar. Depois foi a hora de conduzir o trator. Primeiro o Pedro, que arrancou postes de madeira do solo, com a minha ajuda a prender a corrente metálica aos tais postes, e a dar indicações com as mãos, “para cima, para baixo, está bom, desengata tudo” (a segurança foi um item bastante reforçado). Depois chegou a minha vez, outro desafio e mais uma conquista (nunca fui boa condutora e sou uma trapalhona de primeira), e com a ajuda do Pedro andei a levar troncos de um lado para o outro e até arrumei o trator na garagem. Tudo isto com a supervisão e as brilhantes explicações da Gillian.
O resto da tarde foi passado a descansar, entre sestas, conversas sobre viagens (a nossa anfitriã já correu meio mundo entre barcos e bicicletas), quintas, a vida na América, e tudo o mais que foi surgindo. O Pedro ainda teve oportunidade de se estrear como veterinário, ao fazer uma tala com um clip, a um pintainho com uma patinha partida, e à noite corremos atrás de galinhas para as pôr dentro da capoeira, demos de comer aos cavalos, montámos um cavalo sem sela, passeámos os cães e foi com muita pena que tivemos que nos despedir no dia seguinte.
In Ordway, Colorado, there is a place called Gillian’s. In the maps that we use there is no address or phone number and the indication is “asking in the city for Gillian, everybody knows her.” Despite the map addenda that mentions that Gillian is no longer hosting cyclists, this New Zealander was kind enough to welcome us at her farm for two nights (one of which was shared with five other cyclists!).
Apparently, over the past few years Gillian welcomed about 150 cyclists per year, and perhaps this is a little bit tiring. As a way of retribution for such hospitality Gillian asks only for 15 minutes of work on her farm. Luckily for cyclists that work is always rewarded with new knowledge about life on the farm. As we stayed for two days we could get even more than most of our fellow travelers, and we have devoted a morning to work on the farm. It was great!
We began by arranging the fence, Pedro put into practice his recognized skills in manual labor, for me (I have two left hands) it was a challenge and an achievement working with wire and pliers, to attach a metal mesh to some timber stakes. It seems that the little birds will now have a place to play. Then it was time to drive the tractor. First Pedro, who ripped wooden poles from the ground, with my help to hold the metal chain to such posts, and give directions with my hands, “up, down, is good, disengage all” (security was a greatly enhanced item). Then it was my turn, another challenge and another victory (I was never a good driver and I am very very clumsy), with the help of Pedro I carried logs from one side to the other and I even put the tractor in the garage. All of this with the supervision and the brilliant explanations of Gillian.
The rest of the afternoon was spent resting, napping, talking about travels (our hostess has raced half the world between boats and bicycles), farming, life in America, and everything else that came in conversation. Pedro still had opportunity to make his debut as a veterinarian, to make a splint with a clip to a chick with a broken paw, in the evening we ran after chickens to put them in the coop, we fed horses, we mounted a horse bareback, we walked the dogs and we very sorry that we had to say goodbye the next day.
cum’caraças, adorava conduzir um tractor. pura inveja daqui deste lado.
Êh pah, do melhor que já li por aqui! A carambola em cima de um tractor e o carambolo a entalar pintainhos é para lá de espectacular!
Carambola