A abertura fácil de uma garrafa de cerveja, sem necessidade de instrumento adicional, foi o mote para uma frase dita no início da viagem e que não mais nos deixou o espírito – “os americanos são preguiçosos”! Efectivamente tudo neste país é mais descomplicado, é a mesa que não precisa de toalha para nela se comer, às vezes nem é preciso faca, são as aberturas fáceis, os sinais da estrada com dizeres do que cada um tem que fazer, as instruções detalhadas das embalagens, os bancos e farmácias com drive-thru, os carros com mudanças automáticas. Na verdade os americanos não são nada preguiçosos numa coisa, o constante aparar da relva da sua pequena (ou enorme) propriedade. É um som alto, irritante, ainda pior que o dos carros a passarem a alta velocidade e que se ouve constantemente. E não é de admirar, com a quantidade de chuva que cai semanalmente a relva cresce a olhos vistos, mas tudo o resto que não é aparado cresce também.
E tem sido isto que encontramos no meio das montanhas, árvores e vegetação densa e variada. Não será a típica imagem que temos de uma montanha, árida no topo e com uma vista deslumbrante no topo. Não, aqui as montanhas são de tal forma, que quando chegamos ao topo, pouco mais vemos que duas ribanceiras, uma do nosso lado e outra do lado oposto, ambas cobertas de árvores e de uma vegetação tão cerrada que imaginar uma caminhada pelo meio da serra parece tão ou mais difícil que andar no meio da selva. E há sempre água à vista por todo o caminho, seja em pequenos riachos, saltitando de pedra em pedra, seja em rios mais compostos, em que as águas já correm com mais vigor.
Por todo o lado há pássaros dos mais variados tamanhos, cores e feitios, águias, corvos, gansos, patos, galinhas, galos fechados em gaiolas, possivelmente à espera da próxima luta, vacas, cabras, ovelhas, cavalos, póneis, burros e até um lama. Esvoaçam constantemente borboletas à frente das nossas bicicletas e esquilos, coelhos, guaxinins, raposas e veados saltitam pela estrada à nossa frente. Cobras e tartarugas tentam aquecer-se no alcatrão! E claro, mosquitos que no picam sem piedade, aranhas, cigarras, grilos e todo um conjunto de pequenos animais que procuram abrigo da humidade noturna, ou mesmo de alguma chuva torrencial, dentro da nossa tenda. Infelizmente a quantidade de animais mortos na estrada também é grande, provavelmente consequência do á-vontade com que se movem em qualquer parte, ignorando os perigos dos predadores da estrada.
Já nos disseram que a Virginia é uma das campeãs de biodiversidade do mundo, o que não é de estranhar face ao seu clima semi-tropical e a altitude a que se encontra. Uma das (muitas) vantagens de nos locomovermos de bicicleta é o relativo silêncio em que andamos, mas com uma velocidade suficiente para ainda apanharmos os animais a fugirem estrada fora quando finalmente se apercebem da nossa presença.
The easy opening a bottle of beer, without the need for additional instrument, was the motto for a phrase said at the beginning of the journey and that stayed in the back of our head since – “Americans are lazy”! As a matter of fact everything in this country is uncomplicated, it is the table that needs no towel to eat on, lots of times we don’t even need a knife, opening things its easy, the road signs have written on them slogans of what each one has to do, every pack comes with detailed instructions, banks and pharmacies have drive -thru, cars have automatic gearbox. Actually americans are not lazy in one thing, the constant trimming of the grass in theirs small (or large) property. It’s a loud, annoying sound, even worse than the cars passing at high speed, that is heard constantly. And no wonder, with the amount of rain that falls weekly grass grows before our eyes, but everything else that is not trimmed grows too.
It is this type that we have found in in the mountains, dense and varied trees and vegetation. It’s not the typical image we have of a mountain, arid at the top and with a breathtaking view at the top. No, here the mountains are so, that when we reach the top, we see little more than two ravines, one on our side and another on the opposite side, both covered with trees and vegetation so thick you imagine walking through it seems equally or more difficult than to walk in the jungle. And there is always water in sight, all the way around, either in small streams, hopping from rock to rock, or in more compound rivers, where the water runs with more force.
Everywhere there are birds of different sizes, colors and shapes, eagles, ravens, geese, ducks, chickens, roosters locked in cages, possibly waiting for the next fight, cows, goats, sheep, horses, ponies, donkeys and even a mud. Butterflies flit constantly ahead of our bikes and squirrels, rabbits, raccoons, foxes and deer jiggle around the road ahead. Snakes and turtles trying to warm up in the tarmac! And of course, the mosquitoes that bite without mercy, spiders, cicadas, crickets and a whole bunch of small animals seeking shelter from moisture night, or even in some torrential rain, inside our tent. Unfortunately the amount of road kill is also great, probably a consequence of the ease with which they will move anywhere, ignoring the dangers of predators of the road.
We’ve been told that Virginia is one of the champions of the world’s biodiversity, which is not surprising in view of its semi-tropical climate and altitude. One of the (many) advantages in going by bike is the relative silence in which we walk, but still fast enough to catch fleeing animals off the road when they finally become aware of our presence.
Quando vejo as fotos fico cá com uma inveja….
Lindo!!!