Depois da entrada atribulada no Belize, munimo-nos com tudo o que nos pudesse ajudar a provar que não tínhamos sido nós a alterar a data de entrada no passaporte e com espírito combativo dirigimo-nos ao controlo de saída. Desta vez quase nem olharam para nós, carimbaram os passaportes e estávamos prontos a entrar na Guatemala.
A agitação que reinava do lado guatemalteco contrastava com a tranquilidade belizeana que deixávamos para trás. Muitos camiões, filas de pessoas, homens com molhos de notas a oferecer diferentes tipos de câmbio e pelo meio lá nos conseguimos orientar e chegar ao posto de controlo, onde nos recusaram a entrada com as bicicletas. Deixá-las à guarda da criança que se ofereceu para o efeito parecia-me (Sara) impensável, pelo que ficou o Pedro de guarda e lá fui eu ao guichet, com os dois passaportes, dizer que o meu marido tinha ficado a guardar as bicicletas. Do outro lado a única pergunta foi: “por que fronteira vão sair?”. Depois de responder El Salvador, foram carimbados os passaportes sem mais demoras, 90 dias concedidos a cada um de nós.
E com toda esta facilidade entrámos neste país onde as pessoas são bem mais sorridentes, prestáveis e simpáticas que no seu vizinho do lado. As nossas primeiras impressões não podiam ter sido melhores, aliás um país que tem por principal marca gelados a “Sarita” jamais poderá ser um sítio terrível. Logo no primeiro dia fomos presenteados pela Kate e pela Diani com três fatias de bolo, isto depois de nos termos ultrapassado sucessivamente entre paragens para descanso (nós) e boleias (elas). Nos dias seguintes foi a vez de nos darem águas, sumos e meloa (numa campanha política) e duas deliciosas maçãs (numa paragem para reparar um pneu furado).
Uma das razões para termos escolhido este percurso foi a visita a uma das maiores ruínas do mundo maia, situadas no Parque Nacional de Tikal. Assim, logo no dia em que chegámos instalámo-nos num hotel rústico, com vista para o lago de Petén Itza e um pontão que nos permitiu um mergulho ainda ao pôr-do-sol, e onde no dia seguinte, pelas cinco e meia da manhã uma carrinha nos apanhou, já com destino a Tikal.
Desta vez optámos por fazer uma visita guiada, o que se revelou proveitoso (aqui as opiniões divergem um pouco), já que aprendemos mais sobre a história, a fauna e a flora do local, inclusive que foi usado nas gravações da Guerra das Estrelas (episódio IV e para os mais nerds era base onde os rebeldes se escondiam e que esteve prestes a ser destruída pela Estrela da Morte). A verdade é que, por termos começado tão cedo e por termos o guia, durante grande parte do tempo tivemos o sítio quase só para nós, o que não costuma acontecer já que habitualmente chegamos entre as onze e as duas da tarde. A partir das onze hordas de turistas invadiram o espaço, e a nossa visita guiada acabou, a partir daí refugiámo-nos nos templos mais distantes e pelo caminho, praticamente no meio da selva vimos os macacos gritadores, coatis à solta, pássaros. Tal como Palenque, no México, pela sua localização luxuriante, Tikal torna-se um sítio muito especial. Além do mais é gigantesco e só uma pequena parte está ainda descoberta, o resto foi invadido pela natureza e aguarda tempo e fundos que permitam a sua exploração e escavação. Algum arqueólogo disponível?
After the troubled entry into Belize, we gathered everything that could help us prove that we were not the ones changing the date of entry in the passport and with fighting spirit we went to border control. This time they barely looked at us, stamped our passports and we were ready to enter Guatemala.
The excitement that reigned in the Guatemalan side contrasted with belizean tranquility that we left behind. Many trucks, lines of people, men with bundles of bills offering different exchange rates and in the middle of the confusion we could finally get to the checkpoint, where they refused us entry with the bicycles. Leaving them to the custody of a child who offered to guard them seemed to me (Sara) unthinkable, so Pedro stood there guarding the bikes and I went to the control post, with the two passports, saying that my husband was out there by the bikes. The only question of the border patrol was, “from which border are you leaving?”. After answering El Salvador, the passports were stamped without further delays and 90 days granted to each of us.
And with all this easy going we entered this country where people are more smiling, helpful and friendly that on their neighbor next door. Our first impressions could not have been better, indeed a country whose main brand ice cream is “Sarita” can never be a terrible place. On the first day we were Kate and the Diani gave us three slices of cake, that after we passed them successively between resting stops (us) and a car ride ( them). In the following days people gave us water, juice and melon (on a political campaign) and two delicious apples (at one stop to repair a flat tire).
One of the reasons we chose this route was to visit one of the largest ruins of the Mayan world, located in the Tikal National Park. So, right on the day we arrived we settled ourselves in a rustic hotel, overlooking Lake Peten Itza and a boardwalk which allowed us to swim on the lake at the sun set, and where on the next day, at five -thirty in the morning a van picked us up to take us to Tikal.
This time we opted to take a guided tour, which proved fruitful (opinions differ slightly), as we learn more about the history, flora and fauna of the site, including that it was used on the settings of Star Wars (episode IV and for the nerds it was the base where the rebels were hiding and who was about to be destroyed by the Death Star). The truth is that because we started so early and we had the guide, we had the place almost to ourselves, which does not usually happens because we use to arrive at this places between eleven and two o’clock. From eleven tourist hordes invaded the space, and our tour ended, so we took refuge in the more distant temples and walking on the middle of the jungle we saw howler monkeys, coatis walking around and lots of birds. As Palenque, in Mexico, for its lush location, Tikal becomes a very special place. Also it is huge and only a small part is exposed, the rest was invaded by nature and is waiting time and funds to allow the exploration and excavation of new buildings. Some archaeologist available?